sábado, 11 de junho de 2011

Se não ouviu, ouça! – De vento em popa – Vencedores Por Cristo (1977)



O ano era 1977, a equipe reunia muita gente talentosa, Sérgio Pimenta, Aristeu Pires, Guilherme Kerr, Edy Chagas e Artur Mendes. Fundada pelo missionário americano Jaime Kemp em 1968 com o objetivo de preparar jovens universitários e pré-universitarios para a evangelização, VPC gravou rádios álbuns antes de apostar num trabalho inteiramente brasileiro.


 
Sergio Leoto, Guilherme Kerr, Arthur Mendes e Ederly Chagas, em ensaio vocal para gravação de de vento em popa. Fonte: VPC


O momento nas igrejas evangélicas era outro e muitas igrejas ainda se quer aceitavam guitarra e bateria na sua liturgia. O hinário era composto especialmente de hinos americanos traduzidos para o português pelos missionários e ritmos brasileiros passavam longe da porta da igreja.

Foi neste tempo de grandes transformações na sociedade brasileira, quando a boa musica aflorava por todas as esquinas das grandes cidades que o Jaime Kemp resolveu dá uma oportunidade para a juventude do VPC gravar um LP apenas com canções próprias. Nascia um marco na historia da musica brasileira, uma verdadeira obra de arte, repleta de melodias e harmonias encantadoras. De vento em popa é uma unanimidade, um divisor de águas, temas de dissertações, estudos e muitos debates sobre a “nacionalização” da liturgia brasileira. Afinal, temos no nosso sangue verde e amarelo as raízes do samba, xote, xaxado e baião.


Livro De Vento em Popa - Fé Cristã e Musica Popular Brasileira (2009) de autoria do Jorge Camargo sobre este trabalho musical que mudou a historia da musica evangelica brasileira.


A canção tema (ouça aqui ) foi composta pelo Aristeu Pires Junior e mesmo que depois disso o Aristeu não tivesse composto mais nada seu legado já seria incontestável. A musica é um primor, com uma levada estilo bossa nova, um coro masculino que lembra o MPB4 canta uma reflexão sobre a vida e sobre abrir o coração para Cristo bem no estilo brasileiro.

Sergio Pimenta


O trabalho tem ainda as canções Sinceramente (Ederly Chagas e Arthur Mendes), Por onde Vais (Sergio Pimenta), Salmo 139 (Aristeu Pires Jr),  Vai Caminhando (Guilherme Kerr), A Roseira (Aristeu Pires Jr),  Vou Chegar (Música: Arthur Mendes, Letra: Sergio Pimenta),  Mais Perto, Canto (Ederly Chagas), o Reino do Filho (Guilherme Kerr), Canção pra Pedro (Aristeu Pires Jr) e Cada Instante (Sergio Pimenta).

Por onde vais tem um fato interessante: Segundo Jorge Camargo (www.jorgecamargo.com.br), a presença do bongô, instrumento de percussão de origem cubana, constituído por dois pequenos tambores unidos por uma barra de metal, e que são tocados com baquetas ou com os dedos. A utilização de um instrumento com essas características em uma gravação de música religiosa cristã naquela época foi considerada por muitos líderes mais conservadores uma verdadeira afronta. Instrumentos de percussão em geral eram associados aos rituais das religiões afro-brasileiras, não podendo, portanto, servir de acompanhamento ou adorno a nenhum tipo de música que se propusesse a ser cristã. O De Vento em Popa mais uma vez revoluciona.


 Acho o album de Vento em Popa fantastico, mas seja qual for a obra, sem temos as nossas preferidas. Eu gosto muito das canções Roseira (ouça aqui), Salmo 139 (ouça aqui), Vai Caminhando, Vou Chegar (ouça aqui), Canção pra Pedro (ouça aqui) e Cada Instantes (ouça aqui).
Eu acho a harmonização de Canção pra Pedro uma obra prima a parte. A interpretação de cada instante singular, além de ser esta uma canção muito intimista. Vou chegar é um verdadeiro hino contra essa coisa esta filosofia barata do  "deixa a vida me levar" que muita gente tanto gosta de repetir.
É um album que vale a penas ouvir nao so pela sua importancia historica mas tambem pela sua qualidade estética, musical e poética. Se nao ouviu ainda, ouça!

2 comentários:

  1. A qualidade desse álbum é indescritível. Para mim, é o equivalente Cristão ao "Clube da Esquina", em termos de importância para o gênero que ocupa. Letras simples, mas profundas, melodias cheias de intensidade e ótimos vocais. Uma verdadeira obra-prima de adoração ao nosso Deus.

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    1. Acredito sinceramente que foi simplesmente uma Obra de Deus, um Oásis em meio a tantas lutas deste mundo, e isso, para muita gente.

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